quinta-feira, 24 de maio de 2012

No mastro






No cimo do mastro aprecio a vista.
No cimo do mastro vejo o mar que me rodeia.
No cimo do mastro sinto a brisa.
No cimo do mastro sinto o vento.
No cimo do mastro penso em ti.
No cimo do mastro oiço o barulho do barco a navegar.
No cimo do mastro oiço o teu silêncio.
No cimo do mastro sinto-me livre.
No cimo do mastro sinto-me só.
No cimo do mastro choro a tua ausência.
No cimo do mastro espero pela esperança.
No cimo do mastro espero pelo amor.
No cimo do mastro sou eu mesma.

1 comentário:

  1. Esta publicação como já vens habituando os teus leitores ou seguidores diz e expressa tantos sentimentos que não sei se vou estar à altura, mas hoje, como é um dia especial para mim, o meu blog faz 1 mês de vida, vou tentar.

    Ao ler e reler este bonito poema, entendo como poema vem-me à ideia o filme: Dead Poets Society, provavelmente não tem nada haver mas o modo como devemos ver a vida ou as pessoas. Já falei aqui no outro dia das barreiras invisíveis que criamos dentro de nós e uma delas é vermos as coisas e as pessoas sempre da mesma maneira, se é um sonho é um sonho até um dia, se é um pesadelo é um pesadelo até um dia, resumindo temos uma só visão.

    A primeira vez, que ousei ver de outro modo foi estranho confesso, a pessoa do outro lado olhou-me também de modo diferente e perguntou-me se estava bem mas ficamos bons amigos, ainda hoje nos rimos desse dia, tive o prazer de trabalhar com ela, tive o prazer de acompanhar o nascimento dos filhos dela, ainda hoje grita e eu também e somos amigos e mais havia para disser.

    Daí o "no cimo do mastro", uma maneira de ver o mundo e que deve ser uma das melhores maneiras. A sensação de ver o mundo deve ser única e nunca nos devemos render só a uma, é um erro.

    Não falo no mar, no vento porque havia tanto a disser, deixo só um poema acerca do mar que gosto.

    Mar, metade da minha alma é feita de maresia
    Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
    Que há no vasto clamor da maré cheia,
    Que nunca nenhum bem me satisfez.
    E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
    Mais fortes se levantam outra vez,
    Que após cada queda caminho para a vida,
    Por uma nova ilusão entontecida.

    E se vou dizendo aos astros o meu mal
    É porque também tu revoltado e teatral
    Fazes soar a tua dor pelas alturas.
    E se antes de tudo odeio e fujo
    O que é impuro, profano e sujo,
    É só porque as tuas ondas são puras.

    Sophia de Mello Breyner Andresen

    PS: As minhas desculpas pelo extenso comentário mas ainda havia mais para disser e é sempre um prazer poder expressar a minha opinião aqui.

    Os meus parabéns aos textos, às imagens, aos temas, ao teu blog e a ti.

    beijinhos

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