terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Plena mulher



Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas colunas?
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um só mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia
corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.

Pablo Neruda

2 comentários:

  1. o poema é delicioso, a imagem brilhante. o Neruda...é o Neruda!
    obrigado pelas perolas que vais deixando.

    bjs

    António

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    Respostas
    1. Neruda é o poeta do amor (ao lado do Camões), na minha modesta opinião.
      Vou começar a publicar os seus poemas, estas pérolas têm de ser conhecidas.
      Beijos Doces
      Doce Anaïs

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