Tarde

Duas da tarde, sexta-feira, dia de sol, montanhas de papeis. Pergunto-me que faço eu trancada a trabalhar, a ver o sol entrar pela janela junto a mim?

Mil pensamentos me ocorrem, a cabeça não para. Tanto para decidir e eu aqui fechada...

Quero sair daqui e andar ao sol, sentir o sol na minha roupa. Roupa que fica quente com o sol, alma que aquece com o sol.

Olho para a janela continuamente, só tenho uma ideia, quero sair daqui. Pareço os loucos quando estão presos nos seus quartos. Louca sou eu, estou aqui fechada sem vontade, só porque tenho que trabalhar. Gostava de ir para um lugar que não seja cidade, ir para uma aldeia, viver sem relógio, sem horários. Os horários são castradores, a cidade é castradora. Hoje tudo para mim é castrador. Quero sair daqui, sentar-me num jardim a ler e a pensar. O tempo não passa, a hora da "liberdade" demora a chegar.

Estou impaciente, não consigo estar sentada e concentrar-me, tenho que arranjar alguma coisa que me distraia. Estou tão impaciente!!! Tudo me aborrece, as pessoas, as vozes, os telefones que não param, as perguntas parvas sempre iguais, o barulho das teclas quando escrevo, os aviões a passar. Quero sair, respirar, ver o sol, ver as árvores....até ver carros, autocarros, motas, tudo o que se desloque..

Parece que estou louca, mil pensamentos, mil coisas a resolver, tudo aparece para me atormentar...

Socorro, quero sair!!!!