Culpa?

Ao longos dos anos ela culpou-se de ser diferente. De querer mais nas relações, não era amor que queria, era algo que nem ela própria sabia descrever.

Excitava-se ao imaginar cenas, mesmo acompanhada. Cenas não normais para muitos, mas para ela era normal.

Gostava de sentir presa para ele abusar dela. Gostava da força dele, do seu lado animal. Gostava que a estivessem a ver enquanto ele a penetrava e pedia para outro se preparar porque a seguir era ele.

Não queria algemas de pérolas ou forradas, queria algemas, sentir o frio do metal. Queria do mais hard que podia haver.

Não gostava de parceiros softs, daqueles que se preocupam se está ou não a sentir o orgasmo, se estava a aleijar.

Odiava as palmadinhas famosas, queria palmadas, queria marcas, sentir a sua pele quente das palmadas que lhe eram dadas.

Até que um dia descobre que há mais pessoas como ela. Sentiu-se aliviada porque não tinha que sentir culpa ou achar-se diferente.

Procurou saber mais, procurou essas sensações que durante anos sonhava e conseguiu encontrar. Conseguiu tudo o que sempre procurou, hoje está feliz e mais realizada. Hoje viu que andou parte da vida com uma culpa que não era culpa.