segunda-feira, 12 de maio de 2014

Ainda os amantes

Encontravam-se regularmente num quarto de hotel numa rua movimentada. Lá fora o barulho do trânsito, pessoas a correrem para casa, numa rotina doentia.

Eles tinham o seu momento, sem rotinas, sem correrias. Aqueles momentos eram só deles.

Entravam  no quarto a correr, a despirem-se rapidamente, tinham uma urgência, a urgência dos seus corpos.

Ela adorava quando ele a penetrava, sentia-o seu, era possuída por um egoísmo. Agora ele entrava e saía dela, ela sentia-o e ela queria-o cada vez mais. Os seus orgasmos eram repetidos, era a sua oferta para ele. A oferta de ele a conhecer tão bem. Ele conhecia cada ponto do seu corpo, ele fazia-a estremecer e gemer de um prazer tão único, tão dele.

Paravam por uns minutos para depois recomeçarem. Paravam e recomeçavam, eram noites passadas assim. Adormeciam cansados, ela adormecia no meio dos seus braços, sentia-se bem, sentia-se protegida. Nunca se tinha sentido assim. Nunca tinha sentido tanto prazer como que com ele. Ele sabia-o e sentia-o, ele também tinha um prazer único.

Acordavam mais cedo, para se terem novamente. Era sempre um belo acordar.

Depois entravam na rotina que já estava na rua. Passavam a ser pessoas comuns, com rotinas doentias.

Quanto mais tempo se iriam encontrar? Ela sentia que seria por muito pouco tempo porque a rotina os separava.

Estariam prontos para a separação?

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